segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

ESTUDO DIRIGIDO 2 - CLONAZEPAM (Rivotril®)

Classe medicamentosa: benzodiazepínicos 


Um pouco sobre os benzodiazepínicos

Os benzodiazepínicos estão entre as drogas mais prescritas no mundo e estima-se que o consumo de benzodiazepínicos dobre a cada cinco anos. São utilizados principalmente como ansiolíticos e hipnóticos (indutores do sono), além de possuir ação miorrelaxante e anticonvulsivante.
Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos do cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim, quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do cérebro funcionam exageradamente, resultando em estado de ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é, inibem os mecanismos que estavam hiperfuncionantes, e a pessoa fica mais tranquila, tendo uma sensação de desligamento do meio ambiente e dos estímulos externos.

Como consequência dessa ação, os ansiolíticos produzem uma depressão da atividade do nosso cérebro que se caracteriza pela diminuição de ansiedade; indução de sono; relaxamento muscular e redução do estado de alerta. É importante notar que esses efeitos são grandemente alimentados pelo álcool, e a mistura do álcool com essas drogas pode levar ao estado de coma. Além desses efeitos principais, os ansiolíticos dificultam os processos de aprendizagem e memória, o que é, evidentemente, bastante prejudicial para aqueles que habitualmente se utilizam dessas drogas. É importante ainda lembrar que essas substâncias também prejudicam em parte as funções psicomotoras, prejudicando atividades como dirigir automóveis, aumentando a probabilidade de acidentes. 

EXEMPLO DE BENZODIAZEPÍNICOS:

Clordiazepóxido (Librium, Psicossedin); Diazepam (Valium); Clonazepam (Rivotril), Bromazepam (Lexotam), Alprazolan (Frontal), Lorazepam (Lorax), Cloxazolan, entre outros.

MECANISMO DE AÇÃO

Os benzodiazepínicos têm como sítio principal de ação o sistema nervoso central, porém seu mecanismo de ação não está completamente esclarecido.
Os benzodiazepínicos, assim como o álcool, atuam no sistema Gabaérgico. Os receptores GABA são proteínas que tem duas funções principais - recebem informações extracelulares que chegam na fenda sináptica e transmitem tais informações para o interior da célula.
O GABA é composto por cinco unidades, de modo que exitem vários subtipos de GABA e é responsável pela DEPRESSÃO DO SNC. O receptor de GABAa possui ligação específica para benzodiazepínicos, onde esta classe de medicamentos causa a potenciação de ação do GABA, logo é um AGONISTA do GABA.


Esses medicamentos funcionam como inibidores; atenuam as reações químicas provocadoras da ansiedade. Ultimamente as pesquisas têm indicado a existência de receptores específicos para os benzodiazepínicos no SNC, sugerindo a existência de substâncias endógenas muito parecidas com os benzodiazepínicos. Tais substâncias seriam uma espécie de “benzodiazepínicos naturais”, ou mais precisamente, de “ansiolíticos naturais”.

Pessoal, no link abaixo tem uma animação bem didática da ação do GABA e benzodiazepínicos. 
http://www.virtual.epm.br/material/depquim/7flash.htm

USO DO CLONAZEPAM

Indicado em:
ü  Transtornos de ansiedade (ansiolítico em geral, síndrome do pânico e fobia social);
ü  Transtorno do humor (tratamento da bipolaridade, nos sintomas de mania do paciente);
ü  Na depressão, sendo adjuvante de outros medicamentos);
ü  Tratamento da síndrome das pernas inquietas;
ü  Epilepsia.

REAÇÕES ADVERSAS

Efeitos colaterais comumente relatados incluem infecção do trato respiratório superior, tontura, sonolência e ataxia (perda ou irregularidade da coordenação muscular).

Mais comuns

ü  Dores no corpo
ü  Calafrios
ü  Tosse
ü  Dificuldade em respirar
ü  Desânimo
ü  Tontura
ü  Congestão do ouvido
ü  Febre
ü  Dor de cabeça
ü  Irritabilidade
ü  Falta de apetite
ü  Congestão nasal
ü  Má coordenação
ü  Coriza
ü  Dor de garganta
ü  Cansaço
ü  Problemas com concentração
ü  Cansaço ou fraqueza.

Menos comum

ü  Esquecimento
ü  Dor na bexiga
ü  Diarréia
ü  Dor nas articulações
ü  Náusea
ü  Nervosismo
ü  Tremores
ü  Fala arrastada
ü  Sudorese
ü  Dificuldade em falar
ü  Vômitos

ALGUMAS INTERAÇÕES 

Interação MAIOR: clonazepam ↔ olanzapina (tratamento da esquizofrenia)
Pode causar diminuição da pressão arterial, respiração superficial, pulso fraco, fraqueza muscular, sonolência, vertigem e fala arrastada, tendo maior probabilidade de ocorrer em idosos.

Interação MAIOR: clonazepam ↔ fluoxetina (tratamento da depressão e ansiedade)
Essa associação pode aumentar os efeitos secundários, tais como tonturas, sonolência e dificuldade de concentração.

Interação MAIOR: clonazepam ↔ propoxifeno (utilizado no alivio de dor leve a moderada)
Essa associação pode aumentar os efeitos secundários tais como tonturas, sonolência, confusão, dificuldade de concentração, e outro sistema nervoso ou efeitos mentais. Algumas pessoas, especialmente os idosos, também pode ter prejuízo no pensamento, julgamento e coordenação. 

clonazepam ↔ álcool
Intensificação da depressão do SNC, uma vez que o álcool também atua na depressão do sistema nervoso.

clonazepam ↔ obesidade
As semi-vidas no plasma dos benzodiazepínicos pode ser prolongada em pacientes obesos, devido a um aumento da distribuição em gordura.

clonazepam ↔ glaucoma (aumento da pressão intraocular).
Não possuem atividade anticolinérgica, mas têm sido muito raramente associada com aumento da pressão intraocular.


Você sabia que quando você toma um medicamento e tem uma reação adversa (uma resposta indesejada do seu corpo ao medicamento) você deve notificar, ou seja, comunicar a ANVISA ou a um Centro de Farmacovigilância?
Essa atitude é muito importante, pois a indústria que produz o remédio vai passar a ter conhecimento do que este está causando no paciente, e se irá retirar o medicamento do mercado ou não, caso o número de reações estejam aumentando (o que mostra que ele está causando mal a nós e não resolvendo nosso problema de saúde).
O mesmo deve ser feito quando você compra, por exemplo, uma caixinha de medicamentos e um deles vem quebrado ou com uma cor diferente.
Conheça o CEFAL (Centro de Farmacovigilância da Universidade Federal de Alfenas) e um pouco mais sobre a notificação.

Notifique!

Fonte da pesquisa:
Drugs.com
CEBRID: CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS
Bulário online




terça-feira, 22 de dezembro de 2015

ESTUDO DIRIGIDO 1 - METFORMINA

A metformina é um medicamento de diabetes oral que ajuda a diminuir os níveis de açúcar no sangue. É utilizada no tratamento de pessoas portadoras do diabetes tipo 2. Por vezes pode ser utilizada em combinação com insulina ou outros medicamentos, mas não é para o tratamento de diabetes de tipo 1.


Mecanismo de ação
Grupo farmacoterapêutico: antidiabético
A metformina (dimetilbiguanida) é um agente antidiabético de uso oral, derivado da guanidina. Ao contrário das sulfamidas, a metformina não estimula a secreção de insulina, não tendo, por isso, ação hipoglicemiante em pessoas não diabéticas. 
A metformina reduz a hiperglicemia através de:
- aumento da sensibilidade periférica à insulina e da utilização celular da glicose;
- inibição da gliconeogênese hepática;
- retardo na absorção intestinal da glicose. 

Possui como reações adversas mais comuns:
ü  Desconforto abdominal ou de estômago
ü  Tosse ou rouquidão
ü  Diminuição do apetite
ü  Diarréia
ü  Respiração rápida
ü  Febre ou calafrios
ü  Sensação geral de mal-estar
ü  Sonolência
ü  Acidez estomacal
ü  Sensação de plenitude
ü  Indigestão
ü  Perda de apetite
ü  Perda de peso
Possui como reações adversas menos comum
ü  Ansiedade
ü  Visão embaçada
ü  Desconforto no peito
ü  Suor frio
ü  Pele fria, pálida
ü  Depressão
ü  Tontura
ü  Sensação de calor
ü  Dor de cabeça
ü  Aumento da sudorese
ü  Náusea
ü  Nervosismo
ü  Falta de ar
ü  Aperto no peito
ü  Cansaço ou fraqueza

Uma reação não muito comum, mas de alta gravidade, que pode ocorrer com o uso da metformina é a acidose láctica, causada por um acúmulo de ácido láctico no sangue, e é mais provável de ocorrer se o paciente possui doença renal ou hepática, insuficiência cardíaca congestiva aguda ou instável, desidratação, ou uma ingestão excessiva de álcool. Isso leva à acidificação do sangue (acidose – diminuição do pH sanguíneo).

Posologia
A dose inicial é 500 mg, por via oral, duas vezes por dia ou 850 mg uma vez ao dia.
Para melhorar o controle glicêmico em adultos com diabetes mellitus tipo 2 é necessário dieta e exercícios.


Algumas interações medicamentosas.

Metformina ↔ Claritromicina (antibiótico do grupo dos macrolídios utilizados em infecções das vias áreas superiores e inferiores, além de infecções de pele).
Usando Claritromicina junto com insulina e outros medicamentos para diabetes, pode levar a um quadro de hipoglicemia ou aumento do açúcar no sangue. Os sintomas de hipoglicemia incluem dor de cabeça, tontura, sonolência, nervosismo, confusão, tremor, náuseas, fome, fraqueza, transpiração, palpitação e taquicardia.

Metformina ↔ Bisoprolol (utilizado na hipertensão e angina do peito).
Os beta-bloqueadores, como bisoprolol podem aumentar o risco, gravidade e / ou duração da hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue) em doentes que receberam metformina e alguns outros medicamentos antidiabéticos. Além disso, os beta-bloqueadores podem mascarar alguns dos sintomas de hipoglicemia, tais como tremor, palpitações e taquicardia, tornando-o mais difícil de reconhecer um episódio que se aproxima.

Metformina ↔ Captopril (anti-hipertensivo inibidor da enzina conversora de angiotensina)
Usando captopril juntamente com metformina pode aumentar os efeitos da metformina na redução de açúcar no sangue. Isso poderia fazer com que os níveis de açúcar no sangue fiquem demasiadamente baixos.

Metformina ↔ Hidroclorotiazida (diurético que apresenta leve efeito anti-hipertensivo, atuando diretamente sobre os rins, no mecanismo de reabsorção de eletrólitos, aumentando a excreção de sódio e cloreto, consequentemente, de água)
Pode aumentar os níveis de açúcar no sangue e interferir no controle diabético. Pode ser necessário um ajuste de dose ou uma monitorização mais frequente do açúcar no sangue para usar com segurança os dois medicamentos. Devido aos seus efeitos sobre os rins, a hidroclorotiazida pode também aumentar o risco de uma condição rara, mas grave e potencialmente fatal, conhecida como acidose láctica que pode ocorrer.

Metformina ↔ Nifedipina (indicado no tratamento de pressão alta e angina do peito,  sendo antagonista do cálcio, dilatando assim os vasos sanguíneos, diminuindo a resistência à passagem do sangue, o que proporciona uma diminuição da pressão.
Usando nifedipina juntamente com metformina pode aumentar os efeitos da metformina, o que pode levar a acidose láctica.
Todos os pacientes tratados com metformina deve ter a função renal monitorizada regularmente. Em caso de insuficiência renal, a meia- vida da metformina é aumentada, expondo a risco de acumulação.

A metformina pode interferir também com a vitamina B12 (cianocobalamina), ocorrendo um decréscimo para níveis subnormais de níveis normais anteriormente, no soro, em aproximadamente 7% dos doentes tratados com metformina, durante os ensaios clínicos controlados. Embora a diminuição é geralmente bem tolerada e raramente associada a manifestações clínicas como anemia megaloblástica, deve ser garantido cuidado quando a terapia de metformina é administrada em pacientes com deficiência de vitamina B12 preexistente. A suplementação com vitamina B12, bem como medições anuais de parâmetros hematológicos pode ser apropriado.


Você sabia que quando você toma um medicamento e tem uma reação adversa (uma resposta indesejada do seu corpo ao medicamento) você deve notificar, ou seja, comunicar a ANVISA ou a um Centro de Farmacovigilância?
Essa atitude é muito importante, pois a indústria que produz o remédio vai passar a ter conhecimento do que este está causando no paciente, e se irá retirar o medicamento do mercado ou não, caso o número de reações estejam aumentando (o que mostra que ele está causando mal a nós e não resolvendo nosso problema de saúde).
O mesmo deve ser feito quando você compra, por exemplo, uma caixinha de medicamentos e um deles vem quebrado ou com uma cor diferente.
Conheça o CEFAL (Centro de Farmacovigilância da Universidade Federal de Alfenas) e um pouco mais sobre a notificação.

Notifique!

Fonte da pesquisa: Drugs

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Brasileiros poderão comprar teste de HIV na farmácia e fazer exame em casa

Com 143 mil pessoas que desconhecem ser portadores do vírus do HIV no País, Ministério da Saúde solicitou à Anvisa que regulamente a venda dos testes no Brasil

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabeleceu os parâmetros de segurança que permitem o registro no Brasil de auto-testes para a detecção do vírus HIV. A norma da Anvisa atendeu a pedido do Ministério da Saúde, que solicitou o apoio para regulamentar a comercialização. Abrem-se, assim, as portas para que o diagnóstico seja feito em total sigilo, em casa.
O exame consegue detectar a presença do vírus a partir de amostra de fluido da gengiva ou da bochecha. O resultado sai em 30 minutos. Como em testes de gravidez, um risco vermelho indicará negativo; e dois riscos sinalizarão o resultado positivo. 
O objetivo da iniciativa é que mais pessoas fiquem sabendo se são portadoras do HIV e iniciem o tratamento.  Como o diagnóstico leva ao uso da medicação que faz com que o HIV fique indetectável no sangue, a ideia é haverá uma redução da transmissão.
Os testes rápidos serão encontrados em farmácias, drogarias, postos de medicamentos, serviços de saúde e programas de saúde pública. E deverão conter informações claras que indiquem seu uso seguro e eficaz.




segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Pré-diabetes e diabetes

Entendendo a pré-diabetes
Entendendo a Diabetes

E quais são os sintomas da diabete?


E os fatores de risco?


Algumas dicas


Tratamento



domingo, 8 de novembro de 2015

Transplante fecal já é realidade e pode até substituir o antibiótico para algumas patologias

O tema ainda é pouco conhecido mesmo entre os médicos, mas vem ganhando cada vez mais força e, nos Estados Unidos, foi já criado até um centro de doação de fezes. Essa técnica já é reconhecida como mais eficaz do que antibióticos em caso de infecção pela bactéria Clostridium difficile. A infecção é responsável por 29 mil mortes por ano nos Estados Unidos.


Chamado cientificamente de transplante de microbiota fecal (FMT, na sigla em inglês), a técnica consiste em inserir fezes de uma pessoa saudável no intestino de um paciente com um problema intestinal por meio de um tubo ou através de uma cápsula via oral (pelo nariz ou boca) ou, ainda, via anal. Esta é uma forma de introduzir uma mistura de bactérias saudáveis que podem tomar o lugar de bactérias ruins causadoras de doenças.
O transplante fecal já é feito no Brasil pelo médico Arnaldo Ganc, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. Pelo mundo, diversas pesquisas estão sendo feitas para testar a viabilidade de usar a técnica contra outras doenças, como colite ulcerativa, doença de Crohn e até mesmo contra a obesidade.
Ganc realizou cerca de 40 transplantes no Brasil para casos de C. difficile. "O resultado é espetacular, pessoas que estão doentes por três, quatro meses ficam curadas em dois dias depois do transplante", disse o médico. "A diferença entre o tratamento e o uso da vancomicina (antibiótico) é nítida. Para este tipo de bactéria a técnica é unanimidade, é cientificamente o melhor tratamento". O transplante é feito no Brasil com aparelhos comuns de endoscopia, explica Ganc. Ele lembra que há testes para que nem isso seja necessário e seja possível a ingestão das fezes por cápsulas.
A infecção pela Clostridium difficile, que faz parte da flora intestinal de 10% das pessoas, ocorre quando se ingerem antibióticos por causa de alguma outra doença, como infecção de garganta, por exemplo. Essa bactéria resiste e toma conta do intestino, causando diarreia e desidratação tão grave que pode até ser fatal.
O médico brasileiro já usou o procedimento em três casos de colite ulcerativa em que os tratamentos convencionais não surtiam efeitos, mas conta que os resultados não foram muito convincentes. "Ainda precisamos de muitos estudos nessa área. Alguns deles estão sendo realizados, como fazer transplante de flora bacteriana de pessoa magra para gorda para ver se funciona e também parece que existe alguma relação entre crises de autismo e alteração intestinal". Ele planeja um estudo no Brasil para doença de Crohn e colite ulcerativa.
Nos Estados Unidos, o médico Sahil Khanna, da clínica Mayo, em Minnesota, apresentou recentemente os resultados de uma técnica que ele desenvolveu para prever com exatidão, pela primeira vez, quais pacientes são resistentes ao tratamento com antibióticos e, portanto, devem considerar o transplante de fezes. A técnica se baseia no número de espécies de bactéria nas fezes dos pacientes.
Segundo Khanna, os tratamentos com antibióticos têm uma taxa de sucesso de apenas 40% a 50% para casos de infecção recorrente, comparado a 90% de sucesso do transplante.
Banco de fezes


Há até um banco de fezes sem fins lucrativos chamado OpenBiome, que recolhe doações com o objetivo de expandir o acesso seguro ao transplante. Os doadores recebem pelas fezes, mas não é tão fácil assim: apenas 2,8% dos candidatos conseguem passar pelo processo rigoroso da instituição que só aceita fezes de pessoas muito saudáveis, depois de feita uma bateria de exames. Além disso, a pessoa pode ser chamada para comparecer ao centro de doações diversas vezes e muitos não têm essa disponibilidade.

Epidemia de sífilis e desabastecimento de penicilina

No dia 29 de setembro, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados realizou audiência pública para discutir a crise de assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde (SUS). Participantes do debate demonstraram preocupação com a crise de abastecimento de penicilina, único medicamento capaz de combater a sífilis. O país registra um aumento de quase 1000% de incidência de sífilis em grávidas a partir de 2013.


Alexandre Cunha, infectologista e coordenador de comunicação da Sociedade Brasileira de Infectologia disse na audiência pública que não é a falta do uso de penicilina que trouxe o aumento da sífilis no Brasil. "Atendo gente com sífilis em todas as classes", acrescentou. Cunha complementa que a ausência do uso de preservativo pode ser uma explicação para o crescimento. "Os dados são chocantes", disse.
A diretora do Departamento de DSTs do Ministério da Saúde disse, no entanto, que, embora a falta de medicamentos não seja a causa da sífilis, o desabastecimento da penicilina tem contribuído para o aumento de mortes por sífilis congênita no país. Segundo a diretora, 41% dos estados estão com estoque zero do produto e 59% já relatam algum tipo de desabastecimento.
O governo garante que há recursos para a aquisição de penicilina. O diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Júnior, assegurou que o ministério tem atuado para resolver o desabastecimento do medicamento e combater a sífilis congênita.

Imagem ilustrando a sífilis congênita

"Estamos solicitando a ampliação da produção e da distribuição em todo o território nacional. Estamos comprando da Organização Pan-Americana da Saúde a penicilina para uso no combate à sífilis", informou. Ele disse que no começo de 2016 cerca de dois milhões de frascos estarão disponíveis para serem distribuídos no país. Outra ação do governo, segundo o diretor, é a compra, por dispensa de licitação, de 700 mil frascos do produto para entrega imediata nos próximos 30 dias.

Municípios - A representante do Conselho Federal de Farmácia, Mônica Holtz Cavicholo, afirmou que os municípios possuem recursos financeiros para a aquisição da penicilina. Segundo ela, a compra da penicilina é de responsabilidade do gestor municipal e essa determinação está pactuada no SUS: "O subfinanciamento do SUS é uma realidade, mas as compras existem e em muitos casos há aplicação de recursos significativos."
De acordo com a debatedora, entre as dificuldades encontradas pelos gestores municipais que contribuem para a crise de abastecimento, estão, além do aumento da demanda, a não regularidade do fornecimento; fracassos em processos licitatórios; descumprimento de exigências de edital; altas de preços; problemas com fornecimento de matéria-prima; e limitações de quantitativo para importação da matéria-prima.
"Há dependência da matéria-prima estrangeira, insuficiência da produção nacional para atender às redes pública e privada, falta de interesse da indústria e falta da regulação que garanta a produção", disse.


Medidas - Mônica Cavicholo sugeriu providências para conter a crise de abastecimento de penicilina, como indicá-la para o uso de apenas algumas patologias, como a sífilis, de acordo com recomendações do Ministério da Saúde. "Também é importante que sejam criadas políticas de pesquisa e desenvolvimento do parque fabril e que haja um financiamento sustentável e um sistema de abastecimento confiável, além de acompanhamento para tomada de decisões rápidas nos casos de desabastecimento", completou.


Fonte: Conselho Federal de Farmácia

Vacina que poderá eliminar vício em cigarro é testada em humanos

Fumantes poderão no futuro ser vacinados para que deixem de sentir prazer com o cigarro. Uma vacina que leva o organismo a produzir anticorpos contra a nicotina, uma das substâncias presentes no cigarro que provoca sensação de prazer e dependência, já está sendo testada em 275 pessoas, com idades entre 18 e 60 anos, no Canadá. A pesquisa, que está sendo desenvolvida pela farmacêutica Pfizer, começou em 2012 e já teve sucesso em roedores. Não há previsão de término do estudo e lançamento no mercado.


A vacina tem como objetivo estimular o sistema imunológico e criar anticorpos contra a nicotina, de acordo com a diretora médica de vacinas da América Latina e Canadá da Pfizer, Jéssica Presa.

— A ideia é que esses anticorpos "grudem" na nicotina e, como se tornarão uma única molécula "grande", não conseguirão ultrapassar a barreira hematoencefálica. Assim, a nicotina não chegará ao cérebro e a pessoa não irá obter a sensação de prazer com o cigarro.

Uma das 7.000 substâncias inaladas pelo fumante em uma tragada, a nicotina que provoca dependência e sensação de prazer, conforme explica a cardiologista Jaqueline Issa, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Incor (Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo).


— Nós temos vários receptores espalhados pelo corpo e cérebro e a nicotina tem afinidade com eles. Na área do cérebro responsável pelo prazer, há uma grande concentração. Quando o indivíduo fuma, a nicotina entra nesse circuito, ocupa o espaço e a sensação de prazer é amplificada. Em situações adversas, como estresse e ansiedade, por exemplo, a pessoa fuma para atenuar sensações desagradáveis. Então, ela aprende a usar o cigarro no prazer e na dor. Por isso, há legiões de fumantes, pois entre 7 a 10 segundos a pessoa já sente prazer.

Além de ajudar na possibilidade de reduzir ou eliminar o vício do cigarro, novas doses da vacina fariam o corpo continuar produzindo mais anticorpos por conta própria, e isso contribuiria para impedir recaídas. De acordo com a diretora da Pfizer, a vacina seria destinada a pessoas que são viciadas no tabaco e têm o desejo de parar de fumar.


Na opinião da cardiologista do Incor, a imunização "seria mais atrativa no aspecto preventivo do que como tratamento".

— Na medida em que a vacina faz um bloqueio da nicotina, a pessoa passa pelo processo de abstinência, que provoca sintomas como irritabilidade, falta de concentração, fome excessiva e ansiedade. Essa situação poderia ser tratada de outra forma, com medicação por exemplo. Então, a princípio, o ideal seria vacinar pacientes que já pararam de fumar para evitar a recaída, já que mais de 50% das pessoas que param de fumar acabam voltando. E também grupos de riscos, como filhos de fumantes e pessoas de classes sociais mais baixas, para que não caiam no vício.


A Pfizer informou que o estudo clínico da vacina anti-tabaco está em estágios iniciais (fase 1) e deverá ser concluído em dezembro desse ano. Nessa etapa, são avaliadas a segurança, a tolerabilidade, a imunogenicidade (capacidade de dar resposta imunológica) e mensuração de dose em adultos.

Essa não é a primeira vez que um laboratório tenta fabricar uma fórmula contra o vício do cigarro. Jaqueline explica que outros estudos não foram para frente, "pois os anticorpos não tinham durabilidade suficiente".

— Os pacientes então teriam que ser revacinados com frequência e isso seria inviável até mesmo financeiramente. Desde 2006 fala-se em método terapêutico contra o vício no tabaco. Esperamos que a nova pesquisa consiga reverter esse problema técnico.
Atualmente, não há nenhuma vacina que reduza ou elimine o vício em cigarro. Mas, na visão do infectologista e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, a ciência avançou muito no conhecimento sobre agentes infecciosos, suas formas de reprodução e os hospedeiros. Agora, o grande desafio é conhecer melhor o desenvolvimento molecular para controlar as doenças não infecciosas.

— Quando falamos em genoma humano, é algo de grande complexidade. É necessário conhecer os marcadores de quem vai ter obesidade, câncer e até dependências de drogas e álcool. Muitas dessas doenças não são exclusivamente cromossômicas, já que também se consideram os fatores ambientais, mas conhecendo seus mecanismos será possível se antecipar e assim prevenir. O desenvolvimento de vacinas para doenças não infecciosas é questão de tempo.
Segundo Kfouri, a ciência está evoluindo a passos largos e, em alguns anos, será possível imunizar as pessoas também contra doenças não infecciosas.


— Estamos caminhando nesse sentido, não apenas contra o tabaco, mas contra obesidade e até mesmo o câncer. Acredito que daqui alguns anos poderemos ter novidades em termos de aplicação prática.