As manifestações variam de acordo
com a faixa etária. Nas crianças pequenas: diarreia, distensão abdominal e problemas
de desenvolvimento. Vômitos, irritabilidade, falta de apetite e mesmo prisão de ventre podem fazer parte do
quadro.
Na puberdade e adolescência: anemia, baixa estatura e sintomas
neurológicos. Nos adultos, a apresentação clássica é de crises de diarreia
acompanhadas de dor e desconforto abdominal. A diarreia, no entanto, não é o
sintoma dominante na metade dos casos. Ao lado dessas manifestações, outras
mais silenciosas: anemia por deficiência de ferro, osteoporose, emagrecimento, dermatites,
redução dos níveis de cálcio, alterações hepáticas, sintomas neurológicos e
prisão de ventre.
A celíaca é uma das poucas doenças autoimunes em
que o agente precipitante é conhecido: o glúten.
Glúten é
uma proteína existente no trigo, centeio e cevada, digerida com dificuldade na
parte alta do trato gastrintestinal. Um de seus componentes, a gliadina, contém
a maior parte dos componentes nocivos.
Em
pessoas predispostas, moléculas não digeridas de gliadina, ao entrarem em
contato com as camadas mais internas da mucosa intestinal, disparam uma reação
imunológica no intestino delgado, causadora do processo inflamatório crônico
responsável pelos sintomas.
A
amamentação protege a criança predisposta. A introdução de alimentos ricos em
glúten antes dos quatro meses de idade aumenta o risco. Por romper a
integridade da mucosa, a ocorrência de infecções intestinais, como aquelas
causadas pelos rotavírus, também aumenta o risco na infância. É óbvio que o
primeiro passo para chegar ao diagnóstico é o médico lembrar que a doença
existe.
O
tratamento consiste na eliminação definitiva de alimentos que contenham glúten
(trigo, cevada e centeio). Essa medida provoca melhora clínica em dias ou
semanas, mas as alterações visíveis nas biópsias do intestino delgado podem
persistir meses ou anos.
É muito
importante corrigir as deficiências de vitaminas e sais minerais e avaliar a
densidade dos ossos, a presença de anemia e de déficits de crescimento.
A aderência
disciplinada a dietas com restrição de glúten não é tarefa simples, porque ele
está presente na maioria dos alimentos industrializados. Os que não o contém
são mais caros e difíceis de achar. Países como Holanda, Itália, Inglaterra,
Suécia e Finlândia subsidiam sua produção.
Há anos,
as associações que defendem os direitos dos portadores de doença celíaca cobram
das autoridades, rigor no cumprimento da lei que obriga os fabricantes a
estampar no rótulo dos alimentos a presença de glúten.
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