Pacientes que administram medicamentos
para o coração ou para controle de problemas cardiovasculares e fazem uso do
álcool, apenas eventualmente, não devem suspender a medicação. “O tratamento de
hipertensão, por exemplo, depende muito de a pessoa seguir a risca os horários
e quantidades do remédio. Não tomar o medicamento naquele fim de semana que
bebeu uma cerveja é mais prejudicial que uma possível reação ao álcool”,
explica o farmacêutico do Centro de Informação sobre Medicamentos do Conselho
Regional de Farmácia do Paraná (CRF-PR) Jackson Rapkiewicz.
Essa regra não vale
para a associação entre bebidas alcoólicas e medicamentos que são depressores
do sistema nervoso central, como calmantes, hipnóticos (usados para dormir),
antidepressivos, ansiolíticos, sedativos e alguns analgésicos (derivados da
morfina). “Esses remédios deixam o paciente sonolento e com a atividade motora
diminuída. Como o álcool tem ação semelhante, a bebida potencializa o efeito do
medicamento e a pessoa fica ainda mais sonolenta e perde a coordenação motora”,
diz Rapkiewicz. Em quantidades excessivas, o resultado pode ser uma parada
respiratória e morte.
Para os benzodiazepínicos,
como o Rivotril, é preciso mais atenção. “Se você usa o medicamento todos os
dias, mesmo suspendendo a ingestão por um dia, a substância vai continuar
circulando no organismo por algum tempo, então não diminui os riscos de uma
reação”, diz o gerente médico da Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida
(Uniica), Élio Luiz Mauer.
Outro perigo são os
medicamentos que prejudicam a metabolização do álcool no organismo. Neste
grupo, entram alguns antibióticos. “Esses remédios interferem nas fases de metabolização
do álcool, o que causa rubor facial, náusea, enjoo e sensação de mal-estar.”
Veja casos comuns de interação entre medicamentos – ingeridos via oral,
adesivos e injeções – e uso ocasional de álcool, mesmo em pequena quantidade:
Calmantes
E ainda hipnóticos, sedativos, ansiolíticos, analgésicos derivados da
morfina, alguns antidepressivos e alguns medicamentos para náusea e enjoo
(principalmente os que aumentam a sonolência). Com o álcool, seu efeito é
potencializado, o que aumenta a sensação de sonolência e leva a diminuição – ou
perda – da coordenação motora até que o efeito passe. Em quantidades
exageradas, podem causar parada respiratória, estado de coma e morte.
Antibióticos
A maioria não causa reações, mas metronidazol, cloranfenicol, isoniazida
e sulfametoxazol geram náusea, vômito, cefaleia e até taquicardia quando
associados ao álcool.
Anti-histamínicos
Não há histórico de interações relevantes, a menos que a causa do uso do
remédio seja uma alergia causada por álcool.
Analgésicos
A dipirona e o diclofenaco não têm interações com o álcool. Estudos
mostram que o paracetamol, em doses altas, agride o fígado, tendo uma ação
semelhante a do álcool, então o melhor é não misturá-los.
Anti-inflamatórios
Como tendem a agredir o estômago, recomenda-se que não sejam combinados
com álcool. Os pacientes devem ter atenção redobrada com o ácido
acetilsalicílico (aspirina).
Anticonvulsionantes
O paciente não deve beber nunca, pois o álcool favorece a ocorrência de
convulsões.
Anticoncepcionais
O uso crônico de bebida alcoólica (alcoolismo) faz com que a pílula
anticoncepcional perca a eficácia. Em mulheres que bebem ocasionalmente (uma
vez por semana), o álcool não interfere no metabolismo.
Aspirina e paracetamol exigem cuidado
Se o grupo dos analgésicos e dos anti-inflamatórios não rende grandes
interações com o álcool, seus dois maiores representantes, o paracetamol e o
ácido acetilsalicílico (a aspirina), inspiram cuidado. “Em geral, a aspirina
tende a agredir o estômago e o álcool tem efeito semelhante, então a combinação
pode causar sangramentos gástricos. Como os anti-inflamatórios dificultam a
coagulação do sangue, tende a gerar gastrites e úlceras”, diz o farmacêutico
Jackson Rapkiewicz. O ideal é substitui-la pela nimesulida.
No caso do paracetamol, “estudos mostram que ele agride o fígado e,
combinado com o álcool, pode levar a lesões hepáticas graves. Os danos se
restringem a pessoas que utilizam doses muito altas do remédio, mas, na dúvida,
o melhor é preferir dipirona ou diclofenaco”, explica a professora de
farmacologia da Universidade Positivo (UP) Priscila Samaha Gonçalves.
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