Remédios tiveram a venda proibida porque as autoridades consideraram que os riscos para a saúde são muito maiores que os possíveis benefícios.
Essa decisão do Senado pode liberar três inibidores de apetite a base
de Femproporex, Mazindol e Anfepramona. Essas substâncias eram proibidas porque
a Anvisa comprovou que os prejuízos à saúde eram maiores que os benefícios.
A distância entre a Thaís de 2012 e a de hoje é muito maior do que em
uma foto. Para sair dos 97 quilos, ela começou o tratamento com ajuda de
Sibutramina, um remédio de uso controlado pela Anvisa. Mas, o peso não estabilizava.
“Eu vivia no efeito sanfona, tomava remédio, emagrecia 12 ou 15 quilos, parava
de tomar o remédio e engordava tudo de novo, muito rápido”, afirma Thaís
Sundfeld, servidora pública. O resultado apareceu mesmo depois de exercícios e um programa de reeducação
alimentar. “Consigo aproveitar de tudo e me sentir bem comigo mesmo, acho que
isso é o fundamental”, diz Thaís. Mesmo sem o amparo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o
Senado está prestes a colocar os inibidores de apetite de volta ao mercado. Um
decreto que libera a venda desses medicamentos e anula uma resolução da Anvisa
foi aprovado nesta quarta-feira (16) pela Comissão de Constituição e Justiça.
O representante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, a favor dos
inibidores, defende regras mais rígidas na hora de receitar. “Como a maioria
dos medicamentos, ela deve ter um receituário. Não tem medicação isenta de
efeitos colaterais, depende qual a frequência que aquilo ocorre”, diz João
Lindolfo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.“Segundo esses especialistas, a obesidade mórbida não se trata apenas
com dieta e exercícios físicos. Ela tem que ter um complemento de medicamentos
para que se obtenha um resultado mais efetivo”, afirma a senadora Lúcia Vânia,
do PSDB-GO.
O senador Humberto Costa, que foi ministro da Saúde no governo Lula, é
contra a liberação. Ele lembra que antes de proibir um medicamento, a Anvisa
ouve especialistas, analisa estudos internacionais e a posição das agências de
outros países. “É um risco enorme. No caso de uma outra agencia pode até ter
uma repercussão menor, mas quando se trata de saúde pública nós temos que ser
absolutamente criteriosos e não houve esse critério nessa decisão tomada”,
critica o senador Humberto Costa, do PT-PE. A proposta ainda vai ser votada em plenário. Só depois disso a Anvisa
deve se pronunciar. Mas, o diretor da agência, Dirceu Barbano, disse em um
artigo recente que o percentual de obesos no Brasil se manteve estável desde
que os inibidores foram proibidos. Isso, segundo ele, mostra que as pessoas
estão buscando formas mais saudáveis de combater o excesso de peso.
Foi o que a Najara fez. Depois de ser diagnosticada como obesa,
resistiu aos inibidores, mudou os hábitos e, com paciência, recuperou a
autoestima. “Acredito que desta forma, mesmo que seja devagar, a gente vai
conseguindo os objetivos. Eu espero”, diz Najara Flausino, assessora
parlamentar.
A liberação dos inibidores, que já foi aprovada na Câmara dos
Deputados, se passar pelo plenário do Senado, vai seguir direto para sanção da
presidente.
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