terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Insônia e o uso de benzodiazepínicos


Sabe-se que cerca de 33% a 50% da população sofre de insônia em algum momento da sua vida. A insônia é definida como a dificuldade em iniciar ou manter o sono ou mesmo a percepção de sono não reparador, combinada com consequências adversas durante o dia, como fadiga excessiva, queda do rendimento e mudança de humor.
Insônia depende da quantidade ou qualidade de sono insatisfatória. Mesmo que o número de horas de sono não esteja reduzido, a maioria dos insones sente fadiga, cansaço, ardência nos olhos, irritabilidade, ansiedade, fobias, dificuldade de concentração, atenção e memória, mal-estar e sonolência.
Relembremos duas definições para facilitar a compreensão do texto: Latência do sono é o tempo que um indivíduo demora para dormir. Eficiência do sono é o tempo que permanece dormindo dividido pelo tempo em que ficou na cama.


Uma breve revisão sobre a classe de ansiolíticos: os benzodiazepínicos (BDZ)

Os benzodiazepínicos foram amplamente prescritos no tratamento dos transtornos ansiosos durante toda a década de 70, como uma opção segura e de baixa toxicidade. A empolgação inicial deu lugar à preocupação com o consumo ao final da mesma década: pesquisadores começavam a detectar potencial de uso nocivo e risco de dependência entre os usuários de tais substâncias.
Atualmente, os BDZs ainda possuem indicações precisas para controle da ansiedade e como tratamento adjuvante dos principais transtornos psiquiátricos, mas continuam sendo prescritos de modo indiscriminado, tanto por psiquiatras quanto por médicos de outras especialidades.
Estima-se que 50 milhões de pessoas façam uso diário de benzodiazepínicos. A maior prevalência encontra-se entre as mulheres acima de 50 anos, com problemas médicos e psiquiátricos crônicos. Os benzodiazepínicos são responsáveis por cerca de 50% de toda a prescrição de psicotrópicos.
Atualmente, um em cada 10 adultos recebem prescrições de benzodiazepínicos a cada ano, a maioria desta feita por clínicos gerais. Estima-se que cada clínico tenha em sua lista 50 pacientes dependentes de benzodiazepínicos, metade destes gostariam de parar o uso, no entanto 30% pensam que o uso é estimulado pelos médicos.
Os benzodiazepínicos são altamente lipossolúveis, o que lhes permite uma absorção completa e penetração rápida no SNC, após a ingestão oral.
Apesar de geralmente bem tolerados, os BDZs podem apresentar efeitos colaterais, principalmente nos primeiros dias. Desse modo, os pacientes devem ser orientados a não realizarem tarefas capazes de expô-los a acidentes, tais como conduzir automóveis ou operar máquinas.


Benzodiazepínicos mais utilizados para insônia

Os benzodiazepínicos mais utilizados são o Clonazepam, Diazepam, Estazolam, Temazepam, Triazolam e Flurazepam. O Midazolam, que apresenta uma meia vida curta, bem como os outros fármacos com estas características, está associado à dependência, rápida tolerância e rebote. Desta forma, a prescrição para pacientes com insônia crônica não é indicada.

Mecanismo de ação dos benzodiazepínicos na insônia

Os benzodiazepínicos atuam nos receptores benzodiazepínicos, sobretudo do tronco cerebral, no hipotálamo e no tálamo. Quando se ligam aos receptores, abrem o canal de cloro, hiperpolarizando a membrana do neurônio. Têm propriedades ansiolíticas, sedativas, hipnóticas e anticonvulsivantes. Seus efeitos no sono são a redução da latência, aumento do tempo total do sono e redução do estágio. Os fármacos de ação curta e intermediária mantêm o sono em 7 a 8 horas de duração.


Quais as reações adversas mais comuns?

As principais são insônia rebote (insônia piora por uma a duas noites após o uso), mesmo com os de curta duração, mas o risco é menor com os de longa duração (a retirada deve ser gradual, a fim de evitar o efeito rebote), dependência/tolerância, sedação residual, prejuízo do equilíbrio, sonolência diurna, dificuldade de concentração, falhas de memória e quedas.

Um ponto muito importante é que não se deve tratar a insônia relacionada a transtorno de ansiedade generalizada com benzodiazepínicos a serem tomados durante a noite. Por quê? O efeito ansiolítico promove relaxamento e, portanto, favorece o sono, mas o paciente (e o sistema nervoso) vai associar este efeito como sendo hipnótico, criando um condicionamento difícil de ser reajustado. É por essa razão que temos vários pacientes tratados com benzodiazepínicos não hipnóticos, como o Clonazepam, percebendo bom efeito sobre o sono, pelo menos por algum período. Em vista de terem apresentado benefício durante o sono, e terem se condicionado a achar que dependem do medicamento também para dormir, estes pacientes passam a ter necessidade deles no horário de dormir. Caso tivessem sido utilizados no período da manhã, teriam dormido melhor e percebido que sua dificuldade de dormir era devido ao estado de ansiedade, o que contribuiria muito para se evitar falsas crenças em relação ao sono.


Fontes:
- http://atualizacaofarmaceutica.com/farmacologia/benzodiazepinicos-insonia/ - Uso de BDZ na insônia
- http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/004.pdf  - Abuso e dependência dos BDZ

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Anvisa concede registro a medicamento brasileiro inovador contra tuberculose


UM POUCO SOBRE A TUBERCULOSE






As autoridades da área de saúde concederam registro a um medicamento contra a tuberculose desenvolvido por pesquisadores de um laboratório público brasileiro, que combina quatro princípios ativos e eleva a eficácia do tratamento. O registro foi concedido nesta semana pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), informou o Farmanguinhos, um laboratório vinculado ao Ministério da Saúde e responsável pela inovação.

O remédio é conhecido provisoriamente como 4 x 1 porque reúne quatro dos principais princípios ativos utilizados no combate à tuberculose. O fármaco brasileiro reúne rifampicina em uma concentração de 150 miligramas, isoniazida (75 mg), pirazinamida (400 mg) e etambutol (275 miligramas).
Além de elevar a eficácia, o fármaco, do qual o paciente tem que ingerir um comprimido diário durante todo o tratamento, pode reduzir significativamente as elevadas taxas de abandono do tratamento porque muitos pacientes se cansam de ter de tomar vários remédios e até várias vezes por dia.

"Este tipo de formulação em dose fixa combinada é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a forma mais eficaz de combate à tuberculose, já que reduz o número de comprimidos que têm que ser tomados pelo paciente diariamente", informou o Farmanguinhos em comunicado.O tratamento tradicional contra a tuberculose, com o consumo diário de vários comprimidos, dura pelo menos seis meses.


De acordo com o Farmanguinhos, uma vez registrado o medicamento, a entidade tem um prazo de três anos para implantar toda a tecnologia de produção do fármaco no Complexo Tecnológico de Remédios (CTM), no Rio de Janeiro. "De acordo com o cronograma, o início da produção está previsto para 2017", afirmou a coordenadora de Desenvolvimento Tecnológico de Farmanguinhos, Gisele Moreira, citada no comunicado.


Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 4.406 mortes por tuberculose em 2012, principalmente entre pessoas que vivem na rua, portadores do vírus da AIDS, presos e indígenas. A doença causou ano passado, 71.123 novos casos no país.



Fonte: 
http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2014/11/anvisa-concede-registro-medicamento-brasileiro-inovador-contra-tuberculose.html

domingo, 21 de dezembro de 2014

Entendendo a trombose


Quando sofremos um corte, o sangue escorre um pouco e para, porque o corpo humano é dotado de um sistema de coagulação altamente eficaz. As plaquetas, por exemplo, vão para o local do ferimento e formam um trombo (uma rede de células) para bloquear o sangramento. Decorrido algum tempo, esse trombo se dissolve e a circulação volta ao normal.

Há pessoas que apresentam distúrbios e formam trombos (coágulos) num lugar onde não houve sangramento. Em geral, eles se formam nos membros inferiores. Como sua estrutura é sólida e amolecida, um fragmento pode desprender-se e seguir o trajeto da circulação venosa que retorna aos pulmões para o sangue ser oxigenado. Esse coágulo bloqueia o fluxo de sangue e causa inchaço e dor na região. O problema maior é quando um coágulo se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, em um processo chamado de embolia. Uma embolia pode ficar presa no cérebro, nos pulmões, no coração ou em outra área, levando a lesões graves. Nos pulmões, conforme o tamanho do trombo pode ocorrer um entupimento – a embolia pulmonar – uma complicação grave que pode causar morte súbita.


Sintomas

A trombose pode ser completamente assintomática ou apresentar sintomas como dor, inchaço e aumento da temperatura nas pernas, coloração vermelho-escura ou arroxeada, endurecimento da pele.


Causas

* Imobilidade provocada por prolongadas internações hospitalares;
* Síndrome da classe econômica: dificuldade de movimentação durante viagens longas em aviões e ônibus;
* Terapia de reposição hormonal;
* Uso de anticoncepcionais: associação de hormônios que além de poder promover a formação de trombos ainda promove a dilatação dos vasos (favorece as varizes). 
* Varizes;
* Cirurgias;
* Obesidade:  é um sério fator de risco para a trombose, pois o excesso de peso e o acúmulo de gorduras exercem ainda mais pressão sobre as veias, dificultando a passagem do sangue, principalmente nos vasos da pélvis e das pernas
* Cigarro: O hábito de fumar afeta a circulação de sangue e facilita a coagulação  (possui substâncias que são pré coagulantes). 


Fatores de risco

Alguns fatores como predisposição genética, idade mais avançada, colesterol elevado, cirurgias e hospitalizações prolongadas, obesidade, uso de anticoncepcionais, consumo de álcool, fumo, falta de movimentação, aumentam o risco de desenvolver trombose.

Tratamento

Existem medicamentos para reduzir a viscosidade do sangue e dissolver o coágulo (anticoagulantes) que ajudam a diminuir o risco, a evitar a ocorrência de novos episódios e o aparecimento de sequelas, mas que só devem ser usados mediante prescrição médica depois de criteriosa avaliação.

Prevenção

Adotar hábitos saudáveis, que vão combater os fatores de risco, é o caminho para evitar a trombose. Isso inclui praticar atividade física, ter uma alimentação equilibrada e não fumar. Além disso, é fundamental conhecer o seu histórico familiar, isto é, saber se outras pessoas da sua família já tiveram trombose. E, se você notar qualquer alteração nas veias das pernas, procure um médico - aqui vale a máxima de que quanto antes o tratamento começar, melhor.

Fontes:
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/trombose
http://drauziovarella.com.br/letras/t/trombose/
http://mdemulher.abril.com.br/saude/saude/trombose-8-mitos-e-verdades-sobre-a-doenca