O novo sistema é
semelhante ao usado por diabéticos para medir o nível de glicemia e consegue, a
partir de uma amostra de sangue, encontrar as células anormais do sangue que
representam a leucemia
Pesquisadores da USP
(Universidade de São Paulo) de São Carlos (a 232 km de São Paulo) desenvolveram
um dispositivo eletrônico que facilita o diagnóstico da leucemia. O sensor
utiliza uma substância presente na jaca para detectar, em até uma hora, se o paciente
é portador do câncer. Atualmente, o diagnóstico pode demorar até três semanas.
O novo sistema é semelhante ao usado por diabéticos para medir o nível de
glicemia e consegue, a partir de uma amostra de sangue, encontrar as células
anormais do sangue que representam a leucemia.
O sensor desenvolvido é feito a
partir de uma nanopartícula de ouro revestida com jacalina, substância extraída
da semente da jaca e que tem a capacidade de se ligar aos açúcares produzidos
pelas células leucêmicas. Quando essa ligação é feita, o dispositivo faz com
que as células cancerosas brilhem, permitindo o diagnóstico.
"Deixamos essas amostras em
contato com a proteína, enxaguamos e centrifugamos as células. Depois,
analisamos os materiais em um microscópio de fluorescência. Se na imagem da
interação entre a amostra e a nanopartícula houver luz fluorescente, significa
que há célula cancerosa", explica o professor Valtencir Zucolotto,
responsável pela pesquisa.

Esse sistema de detecção,
composto pela nanopartícula de ouro e da jacalina, é preso a uma fita, onde
será colocado o sangue a ser analisado. De acordo com a detecção, ou não, da
leucemia, o sistema gera uma resposta elétrica, que é então transformada em uma
informação visual indicando o resultado do teste.
A principal vantagem, segundo o
professor, é que o sistema é de baixo custo e portátil, o que pode fazer com
que seja utilizado em ambulatórios. Hoje, os testes clínicos são realizados
apenas em laboratórios e, em determinados casos, podem ultrapassar o valor de
R$ 1 mil, valor que cairia "consideravelmente", segundo o professor,
que preferiu não citar quanto custaria esse novo exame
Segundo o professor, a rapidez na
detecção pode significar a diferença entre a vida e a morte de pessoas com
leucemia. "Alguns tipos de leucemia avançam muito rapidamente, e o estrago
que faz em uma semana é imenso. Se nós criarmos estratégias para que o teste
seja mais rápido e barato, poderemos salvar vidas", avaliou.
Zucolotto informa ainda que o
sistema pode ser utilizado para identificar mais tipos de câncer. "Estamos
pesquisando para determinar em quais outros tipos de câncer esse sistema pode
ser utilizado com eficácia", disse.
O professor informou ainda que
irá realizar novos testes clínicos, em um número maior de pacientes, e que está
buscando a parceria de empresas para o desenvolvimento comercial do produto.
"Ainda não há nada concreto, mas acreditamos que essa seja uma tecnologia
que possa chegar ao mercado em até dois anos", disse.