A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
desde 2003 vem alertando a população a respeito da prática de dividir o
comprimido ao meio. Uma prática que se disseminou devido aos planos privados de
assistência à saúde que incentivavam os beneficiários de partir o comprimido
como um meio de economizar custos, devido o crescente aumento dos custos
terapêuticos e ao acesso a medicação disponível prescrita. Procedimento este,
comumente praticado por leigos e, esporadicamente, pelos profissionais de
saúde. Esta é uma prática muito comum no Brasil, onde os pacientes em algumas situações
dividem o comprimido para reduzir o custo das medicações. No entanto, além da
questão econômica, o paciente deve pensar na eficácia do tratamento.
A partição do comprimido ao meio é prejudicial aos
tratamentos de saúde, especialmente se o produto for de liberação sustentada
(liberado durante todo o dia no organismo) ou se o produto tem como objetivo
atingir uma área específica do organismo, antes de se dissolver por completo.
Isso não significa que nenhum medicamento possa ser partido, mas este processo
deve ser discutido pelo médico, farmacêutico e paciente.
Em algumas
situações, esta conduta é uma opção viável, uma vez que o comprimido de 20mg de
determinado produto pode ter o mesmo preço de um comprimido de 40mg. No caso,
usar a metade de um comprimido de 40mg pode ser uma opção de custo eficaz, mas
tal decisão suplanta a economia, pois, a segurança do paciente deve prevalecer.
Além de ser usada para a diminuição do custo, se tornou uma mania muito comum partir
os medicamentos ao meio para facilitar a ingestão.
“Existem remédios que tem divisão própria no comprimido,
o que indica que podem ser repartidos, pois não haverá comprometimento da
dosagem medicamentosa. Mas os remédios que não têm essa divisão não devem ser cortados
ao meio. Alguns medicamentos são desenvolvidos para se dissolverem aos poucos;
logo, cortando-os ao meio acaba-se prejudicando seu efeito. Sem contar que a
dosagem correta pode ser perdida no processo de partir”, explica Dr. Paulo Aligiere,
assistente médico da Fundação do Remédio Popular de SP.
Um estudo foi realizado por experientes acadêmicos
de Farmácia, publicado na edição do periódico da Associação Americana de
Farmacêuticos (JAPhA), utilizando um aparelho para a partição de comprimidos e
observou-se que foi produzido comprimidos partidos mais higiênicos, quando
comparados aos manualmente partidos. Porém, mesmo sob-rigorosas e controladas
condições, os resultados foram uma combinação de aspectos favoráveis e
desfavoráveis, uma vez que alguns comprimidos se dividem em mais de dois
pedaços devido à pressão do instrumento cortante; em outros, os comprimidos se
dividem em partes relativamente iguais, mas suas bordas ficam disformes ou o
revestimento dos comprimidos se desintegra ou se esfarelam, após a partição.
Estes resultados podem ser observados pelos pacientes no ato da partição de comprimidos.
Assim, a partição do comprimido ao meio pode e, frequentemente, afeta a
posologia. Neste caso, o paciente não tem a garantia de receber a dose correta
da medicação necessária ao tratamento, redirecionando os potenciais problemas relativos
à medicação e a insuficiente aderência do paciente.
Entende-se assim a importância da discussão sobre a
partição de comprimido pelo médico, farmacêutico e paciente, para verificar se
é um procedimento útil e uma escolha viável para as medicações prescritas, ao
permitir a dose correta da droga ao paciente.
A recomendação prioritária é evitar a partição de
comprimidos não sulcados e ter o máximo de cuidado quando partir comprimidos
pequenos, especialmente se for revestidos e arredondados, dado a dificuldade de
localização do meio. Com isso, observa-se o valor de seguir as orientações
farmacêuticas, sobre os tipos de medicamentos que podem ser seguramente
partidos ao meio. Pois erroneamente, as pessoas leigas ou não, acham que todos
os tipos de comprimidos podem ser partidos. Que dependendo do medicamento, como
por exemplo, Antihipertensivos, Ansiolíticos e Anticonvulsivantes, a partição
pode alterar a resposta ao tratamento, devido às perdas que se tem ao partir o comprimido.
Assim, torna-se claro que a última opção é a partição de comprimidos,
principalmente aqueles medicamentos de uso contínuo.
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