O que são superbactérias?
São
bactérias resistentes ao tratamento com antibióticos disponíveis. “Não são
necessariamente mais agressivas ou causadoras de doenças mais graves. Há menos
condição de tratá-las”, disse a infectologista Rosana.
As superbactérias surgem a partir do uso
inadequado de antibióticos?
Sim,
o uso desnecessário de antibióticos, a utilização prolongada deles, o não
seguimento da prescrição médica e a indicação de um tipo de classe de
medicamentos mais potente para tratar infecções simples favorecem o problema.
“O uso de antibióticos de forma indiscriminada pode selecionar as bactérias com
algum mecanismo de resistência, que passam a ser predominantes, levando a
doenças por germes multirresistentes”, disse a infectologista Raquel.
“Somos
mais bactérias que células e vivemos em harmonia com elas. Quando o paciente
toma um antibiótico de largo espectro (que atinge grande número de
microrganismos), mata as bactérias sensíveis e facilita a replicação de
bactérias resistentes à droga usada. A população resistente começa a aumentar,
pode sofrer mutações para se defender dos antibióticos. O antibiótico não cria
superbactérias, ele favorece a sobrevivência das resistentes”, completou
Rosana.
Como deve ser o uso do antibiótico para
evitar superbactérias?
O
uso deve ser racional, só sendo indicado quando realmente necessário. Por
exemplo, se a pessoa tem uma infecção por vírus, não há necessidade alguma de
antibiótico, que combate bactérias. “Se tem uma infecção por bactéria sensível
a penicilina, não precisa de droga de geração mais avançada. O uso de um
antibiótico que mata essa determinada bactéria e outras mais, quando não
necessário, pode favorecer o surgimento de superbactérias”, afirmou a
infectologista Rosana.
Há outras maneiras de tratar infecção por
bactéria além do uso de antibiótico?
Não.
Por isso, o uso do antibiótico deve ser feito de maneira racional para evitar
problemas. De acordo com Rosana, para prevenir, muitas vezes é recomendado o
uso de vitamina C com o objetivo de deixar o pH mais ácido, o que dificulta o
crescimento bacteriano.
O que uma superbactéria pode causar de
diferente de uma bactéria comum?
A
infecção por um germe multirresistente não necessariamente leva a uma infecção
mais grave, no entanto, seu tratamento é mais difícil, explicou a
infectologista Raquel. “Não é possível diferenciar pelo quadro clínico, só com
exames de cultura. O médico pode até desconfiar quando trata com antibiótico
comum e o paciente não melhora”, acrescentou a Rosana.
Como combater superbactérias?
Há
várias maneiras para evitá-las. “Uma é tentar desenvolver novas drogas, mas é
questão de tempo para também se tornarem ineficazes. Desenvolver vacinas contra
elas seria muito eficaz, mas é algo a longo prazo. A outra linha é a prevenção,
que é o caminho mais simples, com a higiene adequada das mãos, além do uso
racional de antibióticos”, disse a infectologista Rosana.
Qual é o risco da existência de
superbactérias?
“Se
tiver uma infecção do trato urinário, sanguínea, mais disseminada, pode acabar
não tendo como tratá-la por dificuldade de encontrar antibiótico eficaz. Isso
pode levar à morte por falta de tratamento adequado”, comentou Rosana.
Toda infecção hospitalar é causada por
superbactéria?
Não.
“A definição de infecção hospitalar é quando ela ocorre 48 horas após admissão
do paciente no ambiente hospitalar, e nem sempre é causada por germes
multirresistentes”, disse a infectologista Raquel. Essa infecção também pode
ser causada por vírus, bactérias, fungos, parasitas, como listou a infectologista
Rosana.
A superbactéria KPC (Klebsiella Pneumoniae
Carbapenemase) já causou surtos de
infecção hospitalar. Que bactéria é essa?
“Trata-se
de bactérias que produzem uma enzima que inativa os antibióticos comumente
utilizados em infecções hospitalares. Elas aumentam a mortalidade hospitalar,
pois acometem pacientes com doenças graves e com procedimentos
intra-hospitalares invasivos, além de restarem poucas opções terapêuticas
devido à presença de resistência”, explicou a infectologista Raquel. Pode causar
infecção urinária, sanguínea, no pulmão, acrescentou Rosana.
Quais são os riscos de infecções
hospitalares?
Podem
aumentar o risco de desfecho ruim, como a morte, segundo Rosana. “O risco é
maior a depender da gravidade do paciente e do número de procedimentos
realizados durante a internação”, afirmou Raquel.
Como prevenir infecções hospitalares?
Por
meio de medidas de higiene, como lavagem adequada das mãos dos funcionários de
saúde e limpeza de equipamentos.
Quando se constata infecção hospitalar, quais
são as medidas adotadas pelo hospital?
Tudo
depende do micro-organismo causador da infecção. “Se for por uma bactéria
resistente, o paciente fica no isolamento”, exemplificou Rosana. Os cuidados
com a higiene são fundamentais, além da parlamentação adequada para cada caso.
Quem tem Aids tem mais chances de contrair
infecções hospitalares?
Segundo
a infectologista Rosana, esse paciente está mais vulnerável às infecções porque
a doença afeta o sistema imunológico. Pessoas com respostas imunodeficientes
por outros motivos, como transplantados ou que passaram por outros
procedimentos invasivos, também são mais vulneráveis.
