A
decisão do Senado de liberar os inibidores de apetite no mercado brasileiro vai
permitir que obesos voltem a usar remédios à base de anfetamina para emagrecer.
O uso desses medicamentos estava banido pela ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) desde 2011.
Os
remédios anfepramona, femproporex e mazindol, indicados para o tratamento da
obesidade, foram retirados de circulação no país com o objetivo de acabar com o
consumo sem prescrição médica. Não raro esses medicamentos eram usados como
"rebite" por caminhoneiros, misturados com bebidas alcoólicas em
festas e para emagrecimento rápido sem qualquer orientação.
Segundo
especialistas, essas práticas somadas ao uso abusivo podem causar problemas de
saúde como taquicardia e arritmia. A proibição desagradou endocrinologistas que
usavam as medicações para combater a obesidade.
Com
a liberação dos registros desses remédios conhecidos também como anfetamínicos
ou anorexígenos, o debate sobre seus benefícios e malefícios volta à tona.
Afinal, o consumo faz bem ou faz mal?
Remédios indicados para obesos
De
acordo com o Ministério da Saúde, em pesquisa divulgada em abril deste ano,
após oito anos em ascensão, a obesidade parou de crescer no Brasil. Apesar da
estabilidade, metade da população adulta brasileira ainda segue acima do peso,
sendo que 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal e que, destes, 17,5%
são obesos.
O
uso da anfepramona, do femproporex e do mazindol é indicado para pessoas com
IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30, valor que indica obesidade. Uma
pessoa com IMC na faixa entre 18,5 e 24,9 tem peso considerado normal, e com
IMC entre 25 e 29,9 tem sobrepeso. O cálculo é feito pela divisão do peso pela
altura ao quadrado.
Tais
medicamentos atuam no sistema nervoso central, diminuindo a fome, a vontade de
comer a toda hora e acelerando o metabolismo. Juntas, essas características
permitem que o usuário emagreça rapidamente. "Quando você usa os
anorexígenos, a fome diminui e cai a procura por alimento. A pessoa se sente
mais ativa. Mas esses remédios são mais eficientes para quem tem um padrão
compulsivo, comum nos obesos que beliscam e se lembram de comida o tempo
todo", diz o endocrinologista e nutrólogo João César Castro Soares, da
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O
tratamento com os anfetamínicos deve ser feito juntamente com exercícios
físicos e um programa de reeducação alimentar para evitar o ganho de peso após
deixar de tomar o medicamento."A medicação facilita a mudança no estilo de
vida do obeso. Só que não adianta somente dar remédio. O paciente deve passar
por um nutricionista e reforçar a melhora na atividade física", diz Maria
Edna de Melo, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade).
Por
ser considerada uma doença compulsiva, a obesidade tem o agravante de nem
sempre ser tratada com exercícios e uma alimentação mais equilibrada. Por isso,
a endocrinologista defende o uso da medicação por pelo menos seis meses. "A
reeducação é uma palavra bonita, mas funciona como exceção. Se fosse fácil [o
obeso emagrecer] não teríamos essa epidemia de obesidade. Quem vive assim
naturalmente procura por alimentos mais calóricos. O cérebro do obeso o faz
pensar diferente, agir diferente, a doença é mais forte", diz Maria Edna
de Melo. "Nem vale a pena fazer um tratamento para a obesidade em curto
prazo porque ele vai ganhar peso depois. É necessário garantir a manutenção
desse peso e a redução de doenças, como a hipertensão e o diabetes",
completa.
Antes
da proibição, o tempo indicado para o uso de anfetamínicos era de, no máximo,
três meses para evitar problemas de saúde. Como as farmacêuticas terão de pedir
novos registros à ANVISA, que terá meses para avaliá-los e concedê-los, não se
sabe ainda se haverá alguma mudança nesse sentido.
Sintomas podem indicar perigo
A
excitação causada pelo anfetamínicos, por sua vez, pode causar insônia,
irritação, palpitação, sensação de boca seca e ressecamento intestinal. Por
isso, devem ser evitados por quem tem problemas cardíacos, pressão alta não
controlada, por quem já sofreu derrame ou usa algum medicamento psiquiátrico,
segundo o cardiologista Marcelo Sampaio, chefe do laboratório de biologia
molecular do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo. Em pessoas mais sensíveis
à medicação, o uso pode ainda causar arritmia e taquicardia, por isso só deve
ser indicado após a avaliação de um cardiologista, diz Sampaio.
Outro medicamento muito utilizado para emagrecimento é a sibutramina:
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2014/09/15/inibidores-de-apetite-voltam-ao-mercado-veja-mitos-e-verdades-sobre-eles.htm
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