O Conselho Federal de Medicina autorizou os médicos
a receitar o canabidiol, remédio derivado da maconha usado no tratamento de
crianças e adolescentes que sofrem de epilepsia. Os médicos agora podem
prescrever, mas para importar esse remédio ainda têm que ter uma autorização
para cada caso, porque ainda é proibida pela ANVISA essa substância.
Os obstáculos ainda existem. Por enquanto, a ANVISA
analisa caso a caso e tem dado autorizações especiais para a importação. Quem
consegue essa autorização pode comprar o medicamento, que custa caro.
Há oito meses, Benício não andava. Ficava apenas no
colo. Chegava a ter até 20 convulsões por dia. O menino, de 6 anos, tem uma
doença rara que provoca crises epiléticas incontroláveis. Até ele começar a
usar o canabidiol. “Então, além dele ter recuperado o controle do sistema
nervoso, ele ganhou uma vida que ele não tinha. Ele tem se desenvolvido nesses
últimos oito meses aquilo que ele não desenvolveu nos outros seis anos de vida
que ele já tem”, afirma o mastologista Leandro Ramires da Silva.
O canabidiol é uma substância extraída da maconha, que
apesar de não ter efeito alucinógeno é proibida no Brasil. Muitos pacientes,
como o Benício, estão importando o extrato de outros países. E agora os médicos
têm uma orientação sobre como prescrever esse princípio ativo. A norma do
Conselho Federal de Medicina determina que somente neurologistas,
neurocirurgiões e psiquiatras podem receitar o canabidiol e somente para
crianças e adolescentes que não responderem ao tratamento com medicamentos já
conhecidos contra crises epiléticas.
Também determina que o canabidiol só pode ser usado
para complementar o tratamento, sem substituir os medicamentos regulares. A
dosagem também precisa ser gradual. Para isso, o médico deverá informar a cada
quatro semanas ao CFM os resultados do tratamento de cada paciente.
Apesar da resolução do Conselho Federal de Medicina,
o canabidiol ainda é uma substância proibida pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Para importar o produto, é preciso conseguir uma
autorização especial da Anvisa, que demora, em média, uma semana para sair.
Depois disso, o paciente tem que providenciar por conta própria a compra do
canabidiol, que não é barato.
Até novembro de 2014, 238 pedidos já foram autorizados pela ANVISA |
“Esse
extrato de canabidiol importado custa US$ 499, e isso dá para durar
aproximadamente 30 dias. E as crianças que não tem essa condição?”,
diz o mastologista Leandro Ramires da Silva.
A ANVISA estuda alterar a classificação do
canabidiol de substância proibida para substância controlada.
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